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Farmacodinâmica

 

Os efeitos terapêuticos no tratamento da ADHD evidenciam-se pela inibição do transportador de dopamina na fenda sináptica, com uma menor influência no transportador da norepinefrina.

Ao observarmos a estrutura quer do metilfenidato, quer de anfetaminas, podemos ver que partilham o mesmo farmacóforo (feniletilamina), competindo com estas para a ligação aos receptores.(1)

Figura 1 (1)

Mecanismo de Ação

 

No sistema nervoso central existem mecanismos de recaptação de neurotransmissores, dopamina e noradrenalina, que dependem da acção de determinados transportadores pré-sinápticos. Os transportadores da dopamina têm como função a recaptação da mesma e assim controlar a intensidade da sua acção.

As drogas psicoestimulantes, como o metilfenidato, inibem os transportadores da dopamina e da noradrenalina, aumentando assim os seus nível na fenda sinaptica por redução da sua recaptação e, consequentemente, aumentam o seu efeito estimulante

Este composto actua activando as principais regiões corticais e subcorticais relacionadas com a atenção e execução de tarefas. Actua principalmente no estriado, no cortex pré-frontal e nucleus accumbens. Assim sendo, este efeito estimulante no estriado está clinicamente relacionado com o aumento da atenção e a diminuição de distrações. Pensa-se que a acção deste composto no cortex pré-frontal está, principalmente, relacionado com a modulação de noradrenalina, melhorando a função cognitiva, a memória e a aprendizagem. No nucleus accumbens, o aumento da dopamina está relacionado com o aumento da motivação e do desempenho.

Estima-se que uma dose oral de 0,25 mg/kg de metilfenidato tenha a capacidade de bloquear cerca de metade dos transportadores de dopamina nos humanos. A afinadade desta substância para os transportadores da dopamina e da noradrenalina é superior à afinidade que a cocaina apresenta, assim sendo, teores de metilfenidato mais baixos conseguem atingir o mesmo número de transportadores que a cocaina. A eliminação do metilfenidato é mais lenta que a eliminação da cocaina, precisamente por possuir uma maior afinidade para os transportadores. As áreas do cérebro que estão envolvidas nos diferentes mecanismos responsáveis pela dependência de substâncias são as mesmas onde actua o metilfenidato, e por essa razão é necessário ter cuidado com este tipo de medicamentos. (2)

Enantiómeros

 

O metilfenidato (MPH) tem dois centros quirais, existindo por isso quatro estereoisómeros possíveis: erythro-RS-d-MPH, erythro-SR-l-MPH, threo-RR-d-MPH, and threo-S,S-l-MPH.

 Nas primeiras formulações, incluía-se uma mistura dos quatro isómeros. No entanto, devido aos efeitos adversos observados, foram removidos os isómeros erythro. (1) Deste modo, a sua administração é feita com uma mistura racémica de diastereoisómeros threo: d-l-MPH. Estudos demonstraram que o d-MPH é o mais farmacologicamente ativo, enquanto que a ligação do l-MPH é inespecífica. Quando elevadas doses de de d-MPH, l-MPH e d,l-MPH são administradas, o isómero l-MPH resultou num menor número de diferenças comportamentais, enquanto que o d-MPH foi o mais ativo, com uma potência três vezes mais do que a mistura racémica.(3)

Figura 2 (4)

Referências:

(1) Markowitz JS, Straughn AB, Patrick KS. Advances in the pharmacotherapy of attention-deficit-hyperactivity disorder: focus on methylphenidate formulations. Pharmacotherapy. 2003;23(10):1281-99.

(2) Freese Luana, Signor Luciana, Machado Cassio, Ferigolo Maristela, Barros Helena Maria Tannhauser. Non-medical use of methylphenidate: a review. Trends Psychiatry Psychother. 2012; 34 (2): 110-5

(3)Jan Frölich TB, Manfred Döpfner, et al. An evaluation of the pharmacokinetics of methylphenidate for the treatment of attention-deficit/ hyperactivity disorder. Expert Opinion on Drug Metabolism & Toxicology. 2014.

(4) Imagem disponível em < http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a5/Methylphenidate-enantiomers-3D-balls.png > Acedido a 24/05/2015

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